Nestas minhas noites de insónia entretenho-me a ler... Desta vez um livro de uma figura pública nacional da esfera política. Prefiro guardar para mim o nome do autor e partilhar um excerto que me chamou à atenção...
"Criar uma cultura de empreendedorismo em Portugal.O futuro e a renovação da nossa economia, em particular das pequenas e médias empresas, passa pelo nascimento de novos projectos empresariais, em quantidade e em qualidade, para fazer face à taxa de mortalidade elevadas nas nossas empresas.É fundamental apostar numa cultura de empreendedorismo, fomentada especialmente junto dos jovens, assegurando-se que o contexto envolvente está preparado para acolher e não matar este tipo de iniciativas empresariais.O objectivo é, designadamente, o de promover junto das universidades a criação de uma disciplina de empreendedorismo em todos os cursos superiores e em todos os cursos técnicos, no sentido de preparar e motivar para projectos empresariais quem entra na vida activa. A cultura da iniciativa, do empreendedorismo e do risco empresarial tem de ser estimulada e desenvolvida, especialmente no quadro da economia global e crescentemente competitiva em que vivemos."
Hoje, domingo estive a trabalhar o dia todo no hospital... Acabei de chegar a casa, vesti uma roupa confortável e aqueci a comida no microondas. Enquanto jantava lembrei-me das muitas sensações que experimentei hoje...
Sono incontrolável mas sem conseguir dormir; ansiedade; medo; sensação de estar a ser roubada e muito frio. Quentinho mesmo agradável, nervoso miudinho e muito constrangimento; vontade de fugir. Simpatia, carinho; compaixão. Vontade de mimar misturado com mais nervoso miudinho e constrangimento. Relaxamento; simpatia, carinho, amizade e companheirismo. Arrependimento. Alívio, vontade de voltar a atrás. Dúvidas; muitas dúvidas. Partilha. Cansaço e confusão.
E saí do hospital com uma sensação de peso enorme nos olhos, dúvidas do mesmo tamanho e um sorriso sincero.
Durante muito tempo e em especial no ano da minha coordenação nacional o intercidades foi o transporte onde passava mais tempo.
Desde que comprei o meu carro nunca mais tinha feito uma viagem de comboio. Até que hoje resolvi trocar o stress da condução e o preço da gasolina pelo bilhete de comboio.
Muitas e muitas vezes vim eu para Lisboa, a dormitar, a ouvir musica e a trabalhar horas e horas…
Á sexta-feira ou ao domingo era impossível dormir… as vezes nem trabalhar conseguia e por isso usava aquelas horas para desfrutar da paisagem do nosso Portugalito e ficava maravilhada com a longas planícies que se vislumbram pouco antes de chegar a Lisboa…
E quando aparecia aquela senhora a vender Pastéis de Tentúgal e Queijadinhas de Coimbra?! E quando o/a vizinho de lugar adormecia e quase caía para cima de mim? E quando ia uma criança atrás de mim que começava a brincar com o meu cabelo? Tantas peripécias…
Quem me conhece sabe que o olfacto é o sentido que tenho menos apurado e certamente já me ouvi dizer “Tenho o nariz avariado!”; a verdade é que o mais me marca ao andar de Intercidades são os odores…
O comboio chega à estação e sente-se um cheiro de combustível, misturado com o cheiro dos travões… Entramos e as carruagens têm um cheiro que não sei caracterizar. Quando o sinto, reconheço que não é agradável, mas ao mesmo tempo significa o início da viagem e o meu entusiasmo transformava aquele cheiro num aroma estupendo…
Depois vem Espinho e só de ver aquele mar, parece que se sente a maresia a bater-me no rosto…
A seguir tapamos os narizes e os miúdos protestam com o cheiro da celulose da fábrica de papel de Cacia. E quando se chega a Aveiro, o odor desagradável parece que sai com os passageiros.
E por falar em passageiros, as dezenas que se cruzam connosco e entre eles nos corredores misturando perfumes caros… Por vezes um bom perfume até me faz levantar a cabeça que a meio da viagem se costuma deitar sobre a janela…
E por vezes mais depressa do que desejava já fiz a viagem de regresso e nos altifalantes anuncia-se Porto-Campanhã…