do fim --> Bocadinhos de Trapos: abril 2006

terça-feira, abril 25, 2006

Trapo 63 - Chorar

Quando somos crianças, às vezes, choramos porque não entendemos os adultos...

Quando crescemos, choramos porque não nos entendemos uns aos outros...


Eu choro... eu choro muito...

quarta-feira, abril 12, 2006

Trapo 62 - Ter, para pôr no banco...

"No entanto, fez ainda algumas perguntas.
- Como pode a gente possuir as estrelas?
- De quem são elas? respondeu, ameaçador, o homem de negócios.
- Eu não sei. De ninguém.
- Logo são minhas, porque pensei primeiro.
- Basta isso?
- Sem dúvida. Quando achas um diamante que não é de ninguém, ele é teu. Quando achas uma ilha que não é de ninguém, ela é tua. Quando tens uma idéia primeiro, tua a fazes registrar: ela é tua. E quanto a mim, eu possuo as estrelas, pois ninguém antes de mim teve a idéia de as possuir.
- Isso é verdade, disse o principezinho. E que fazes tu com elas?
- Eu as administro. Eu as conto e reconto, disse o homem de negócios. É difícil. Mas eu sou um homem sério!

O principezinho ainda não estava satisfeito.
- Eu, se possuo um lenço, posso colocá-lo em torno do pescoço e levá-lo comigo. Se possuo uma flor, posso colher a flor e levá-la comigo. Mas tu não podes colher as estrelas.
- Não. Mas eu posso colocá-las no banco.
- Que quer dizer isto?
- Isso quer dizer que eu escrevo num papelzinho o número das minhas estrelas. Depois tranco o papel à chave numa gaveta.
- Só isto?
- E basta...
É divertido, pensou o principezinho. É bastante poético. Mas não é muito sério.

O principezinho tinha, sobre as coisas sérias, idéias muito diversas das idéias das pessoas grandes.

- Eu, disse ele ainda, possuo uma flor que rego todos os dias. Possuo três vulcões que revolvo toda semana. Porque revolvo também o que está extinto. A gente nunca sabe. É útil para os meus vulcões, é útil para a minha flor que eu os possua. Mas tu não és útil às estrelas...

O homem de negócios abriu a boca, mas não achou nada a responder, e o principezinho se foi...

As pessoas grandes são mesmo extraordinárias, repetia simplesmente no percurso da viagem."

Saint Exupéry em "O Principezinho"

sábado, abril 01, 2006

Trapo 61 - Pensar


" pensar incomoda como andar à chuva" Alberto Caeiro