do fim --> Bocadinhos de Trapos: maio 2005

terça-feira, maio 31, 2005

Trapo 19 - Almoçar com Deus

Aderi a estas coisas e espero boas refeições

Imagina que Deus marcou um encontro contigo num determinado restaurante perto da tua casa. Imagina-te sentado/a ao Seu lado, a dialogar com Ele. E agora pergunto eu:

1 - Qual era a ementa que Lhe sugerias e porquê?
2 - Que motivo teria Deus para querer almoçar contigo?
3 - Fazia-te perguntas acerca da Igreja. Que Lhe contavas?
4 - Dava-ta a possibilidade de te concretizar um desejo. Que pedias?
5 - No final da refeição, pedia-te uma recordação. Que lhe oferecias?
6 - Por fim, oferecias-Lhe um café com ou sem açúcar? Porquê?
7 - Quem pagava a conta?
8 - Quem vais sugerir (3 pessoas) para almoçar com Ele? E porquê?
- Passo à Marvi, como paga.
- Passo à Blue, com carinho.
- Passo ao Taosóumpai, com admiração.
Gostava de convidar mais, mas espero que com o tempo, eles almocem com Deus!

(Confessionário em Confessionário de um padre)

Como podem ler nos comentários, também fui convidada para me sentar à mesa....

1 – Não Lhe sugeriria nada de especial, Ele é que sabe o que lhe apetece comer...

2 – Deus almoça comigo muitas vezes... Não precisamos de motivo especial, basta querermos...

3 – Contava-lhe que era uma instituição que foi criada algum tempo após a vinda de Jesus e pedia-lhe para mudar de assunto... A igreja é algo que conheço tão pouco que não me sinto bem a falar dela...

4 – Desejo? Nada... Os meus amigos quando podem fazer alguma coisa que esteja ao alcance para me verem feliz, fazem; daí que não Lhe pediria nada...

5 – depende... Se ele fumasse fazia –Lhe um coraçãozinho com o plástico do maço, senão fazia-Lhe um barquinho com um guardanapo, ou então qualquer coisa com um lenço de papel... mas como eu passo a vida a fazer este tipo de coisas, Ele já deve ter montes de recordações.... E como a melhor recordação não é material, gostaria que Ele ao se lembrar de mim esboçasse um sorriso...

6 – Como Ele quisesse... Mas aconselhava-O a provar o verdadeiro sabor do café e por isso a tomar sem açúcar.

7 – Tanto fazia... Aquele que tivesse mais e mais a jeito...

8 - Sugiro o Tiago da ESEnfIC, que chega sempre atrasado e por isso já só apanha o café... A Elsa do MCE, porque ele é uma amiga comum... E a minha mãe, porque gostava que ela finalmente aceitasse o convite para os nossos almoços informais...

terça-feira, maio 17, 2005

Trapo 18 - Cultivar a Amizade


Um tarde...
Deitados na relva, com o sol alto a sorrir para nós...
A partilhar, a sorrir, a trocar gestos e silencios...
A amizade precisa de um sitio para ser plantada e crescer...

Partilhar coisas da nossa vida é muito bom... basta que consigamos, no meio da confusão de pessoas que passam pela nossa vida e que por vezes não conseguimos ver, encontrar amigos...
Encontrar coraçoes de plastico, rebuçados, trufas e linguas de fora...

Onde está a linha que separa os colegas, os conhecidos dos amigos?
Será a desenhada entre o chá e a caneca, ou serão as dobras dos papel trocados durante a aula de anatomia?Será a divisão da piscina grande para a piscina média ou ainda a estrada que vai para felgueiras?Poderá ser um rasgão na capa ou a linha de um lenço vindo de marrocos?

Os amigos são essenciais... Sempre fui pessoa com muitos conhecidos e com amigos com quem posso contar...

segunda-feira, maio 16, 2005

Trapo 17 - Tomar café com Deus...

"Um dia o diabo saiu pelo mundo para ver como rezavam as pessoas. A viagem foi breve, pois as pessoas que rezavam era tão poucas e as suas orações mais pareciam insípidas cantilenas que faziam bocejar até o Pai Eterno.
Satisfeito, estava já decidido a voltar a casa, quando viu, num campo, um lavrador que gesticulava agitadíssimo e irritado. Cheio de curiosidade, escondeu-se atrás de um arbusto e ficou a observa-lo. O diabo esfregava as mãos de contente. Mas, naquele momento passou por ali um padre.
- Bom dia! – disse o lavrador
- Que modos são esses? Não sabe que insultar Deus é um pecado grave?
- Padre, se discuto com Deus é porque acredito n’Ele, se lhe grito é porque sei que me escuta!

- Estás a delirar – disse o padre, afastando-se irritado. Mas o diabo, que de teologia sabia mais que o tal padre, sentiu-se alarmado, porque tinha encontrado um homem que sabia rezar."

(História popular)


"Um dia perguntaram a uma criança
- Rezas a Deus?

- Sim, todos os dias – respondeu
- E que lhe pedes?
- Nada! Apenas pergunto se O posso ajudar nalguma coisa."
(História popular)


Há muitas maneiras de vivênciar a fé e a relação com Deus... Eu gostava de poder ir tomar café com Ele, sorrirmos e rirmos juntos...

quinta-feira, maio 12, 2005

Trapo 16 - Falando de Humanização...

Segunda-feira, Maio 09, 2005

Humanizar: um compromisso irrenunciável (2)
Frequentemente ouvimos o lamento da desumanização na saúde alegando-se como causa o desenvolvimento tecnológico. Como se a técnica surgisse omnipotente perante um humanismo complexado...
Tenho para mim que a técnica é apenas um meio que, mais que desumanizar, pode humanizar. Assim acreditava também Ortega y Gasset: “O homem começa quando começa a técnica. Não há homem sem técnica”.
Nunca se salvaram tantas vida como hoje é possível fazer com a ajuda da mais sofisticada tecnologia. Portanto, quem desumaniza é o ser humano, sobretudo quando não utiliza bem - isto é, ao serviço do outro ser humano - os recursos que a tecnologia coloca ao seu dispor...
(Doutora Margarida Vieira em (In)Firmus)


No nosso dia-a-dia, dá-mos e recebemos poucos sorrisos, poucas palavras sinceras de todas as pessoas que passam por nós... Como que se vivessemos todos a competir, e onde sorrir e estar atento ao que nos rodeia fosse perder pontos para outra equipa... Se calhar estou desanimada, se calhar estou a precisar de mais alegria e esperança na minha vida... É possivel... Tenho medo, tenho medo que por não receber esses sorrisos, também me torne cinzenta e não seja capaz de ouvir os que me rodeiam, que não seja capaz de os ouvir pensando que o que estão a partilhar comigo é algo importante para eles, é algo que os preocupa e é algo da vida deles. Tenho medo de subvalorizar os seus sentimentos, tenho medo que interpretar mal as atitudes das pessoas. Não quero entrar neste jogo onde vemos as pessoas robot's que não sentem, onde não se vive, tenta-se sobreviver... Ou se calhar sou só um estudante de enfermagem, que quer prestar cuidados a pessoas...

(Luísa, comentando o post)

Acredite que as suas dúvidas são perfeitamente normais, aliás elas são o garante de que quando for uma profissional em pleno exercício, vai estar atenta a estes riscos. Não duvide das suas capacidades, se hoje sente algumas dificuldades, não se esqueça que no futuro terá mais experiência, pelo o seu grau de domínio das suas competências será cada vez maior. Não desanime... agora pondere se realmente o que vê são cuidados desumanizados...
Não seja só racional, veja com os olhos e o coração... se assim for, acredite, não é assim em todo o lado... Boa sorte!

(Carlos Karlwork no mesmo post)

terça-feira, maio 10, 2005

Trapo 15 - Processo de Bolonha - Esparguete à Bolonhesa ou evolução do ensino superior europeu?

Olá, Pessoal! A equipa Pica-Pau achou que seria interessante partilhar com as restantes equipas as reflexões que temos vindo a ter. Dessa vontade, surgiu este textinho que esperamos seja esclarecedor e agradável.

Dúvidas e desafios na Aprendizagem Superior

O Processo de Bolonha surgiu-nos como um prato cheio de “Massa Esparguete” – um emaranhado de fios difícil de destrinçar. A Pica Pau quis agarrar um desses fios por forma a tentar compreender todos os seus contornos, assim como tentar perceber onde este nos poderá levar. Porque consideramos que o Processo de Bolonha assenta num princípio fundamental para a melhoria da qualidade do Ensino Superior, nomeadamente nas capacidades e competências horizontais: aprender a pensar, aprender a aprender, aprender a ensinar, é sobre a dimensão da metodologia da aprendizagem que nos propomos fazer uma análise mais profunda.
Também noutras, mas principalmente nesta dimensão, o Processo de Bolonha apela a uma mudança de atitudes nas nossas salas de aulas por parte de todos, mas principalmente por parte dos estudantes e dos professores. Embora todos tenhamos experiências de um envolvimento mais activo no processo de aprendizagem, o facto é que estas experiências são sempre momentos singulares e, como tal, não espelham a realidade do Ensino Superior. De facto, com a crescente evolução científica, os nossos programas curriculares têm ficado cada vez mais sobrecarregados, embora a carga horária semanal seja a mesma. Esta situação leva a que os nossos professores, ao quererem transmitir todos os seus conhecimentos, o façam de uma forma completamente expositiva, em que não existe nenhuma interacção professor-aluno, o que condiciona que mesmo as noções mais básicas e de importância crucial fiquem diluídas no mar de informação “despejada” e como tal não apreendida. Neste seguimento, coloca-se a questão de como encontrar o equilíbrio entre a necessidade de acompanhar a evolução científica e simultaneamente promover uma participação mais activa dos estudantes na vida da escola, não sobrecarregando excessivamente as horas de contacto que os alunos dispõem com o professor.
Entendemos que o professor deverá ser um mediador da aprendizagem e que cada aluno deve fazer o seu próprio percurso, isto é, os alunos devem chegar por si a um conhecimento adequado, fazendo as suas próprias experiências, uma vez que “…apenas a experiência é registada de maneira privilegiada nos solos da memória, e somente ela cria avenidas na memória capazes de transformar a personalidade” 1. Neste sentido entendemos que a escola deverá ser um local de formação de competências académicas, pessoais e profissionais – competências que apelem à consciência critica, à capacidade de debater, de questionar e de trabalhar em equipa. O modelo de educação escolar que actualmente dispomos não apela à criatividade mas à simples repetição de informação, e a prova maior desta situação são os exames escolares que têm como objectivo verificar a apreensão de conhecimentos e que unicamente estimulam os alunos a repetir informações, não encorajando o desenvolvimento do raciocínio e a sua capacidade de argumentação, facto que não cria nos estudantes, em particular, e nos cidadãos, em geral, o gosto pelo saber e pelo conhecimento.
Uma outra questão está relacionada com a forma como os alunos encaram o Ensino Superior; a nosso ver este é talvez um dos maiores problemas de base do nosso insucesso (que não se mede apenas pela percentagem de alunos que não conseguem finalizar o Ensino Superior com sucesso, mas também pela percentagem de profissionais menos capazes de realizar de forma verdadeiramente eficiente a sua actividade). Continuamos a olhar para o nosso umbigo, continuamos a encarar o Ensino Superior como uma forma de receber um diploma, como um espaço onde podemos ir buscar algo para nosso proveito, e não como um espaço onde podemos deixar algo para proveito de outros. A escola, pela sua importância social, económica e cultural, tem como dever formar uma população mais esclarecida, alertando para a consciência crítica de todos os seus “filhos”, reforçando a cidadania e a democracia, valorizando princípios tais como a multiculturalidade, a diversidade, a liberdade e a paz. Assim, a escola, local de
educação formal deve cada vez mais valorizar a educação não formal. Neste sentido seria muito proveitoso para todos que as Escolas pensassem em formas de intervir mais activamente e a curto prazo na sociedade, o que se poderia traduzir pelo desenvolvimento de projectos no sentido das Escolas canalizarem os seus conhecimentos e capacidades ao serviço da sociedade, envolvendo desta forma todo o corpo académico.

Pica Pau
(Equipa do SES do Porto)

1 – Cury A. - Pais brilhantes, professores fascinantes. Pergaminho.2005




(Texto de reflexão da Pica-Pau, a minha equipa base do MCE)

sábado, maio 07, 2005

Trapo 14 - Recordações...

As cores,
os cheiros,
os sabores...
Tudo nesta casa permanece igual...
Um criança dá gargalhadas,
mas não há gargalhadas de adultos....
Este ambiente acinzentado
e as luzes tenues do corredor lembram,
lembram alguém que não está em casa...
Chorar não o traz de volta,
por isso, sorrio
porque me lembro dele e do seu olhar...